Um índio
Eu adoro música. Sempre relaciono os fatos que vivencio com alguma canção. Esta cena corriqueira, no centro de qualquer cidade de qualquer país pobre, me lançou para o Caetano Veloso, e não só na canção cuja letra colei, mas também para um outro clássico, em que diz assim: – alguma coisa acontece no meu coração... A canção é Sampa, mas poderia ser Poa.
Petit Poa. Petit poi. Pois...
a foto foi feita pelo meu fiel escudeiro Milton Simas
Um índio descerá de uma estrela colorida e brilhante
De uma estrela que virá numa velocidade estonteante
E pousará no coração do hemisfério sul, na América, num claro instante
Depois de exterminada a última nação indígena
E o espírito dos pássaros das fontes de água límpida
Mais avançado que a mais avançada das mais avançadas das tecnologias
Virá, impávido que nem Muhammed Ali, virá que eu vi
Apaixonadamente como Peri, virá que eu vi
Tranqüilo e infalível como Bruce Lee, virá que eu vi
O axé do afoxé, filhos de Ghandi, virá
Um índio preservado em pleno corpo físico
Em todo sólido, todo gás e todo líquido
Em átomos, palavras, alma, cor, em gesto e cheiro
Em sombra, em luz, em som magnífico
Num ponto equidistante entre o Atlântico e o Pacífico
Do objeto, sim, resplandecente descerá o índio
E as coisas que eu sei que ele dirá, fará, não sei dizer
Assim, de um modo explícito
REFRÃO
E aquilo que nesse momento se revelará aos povos
Surpreenderá a todos, não por ser exótico
Mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto
Quando terá sido o óbvio
Eu adoro música. Sempre relaciono os fatos que vivencio com alguma canção. Esta cena corriqueira, no centro de qualquer cidade de qualquer país pobre, me lançou para o Caetano Veloso, e não só na canção cuja letra colei, mas também para um outro clássico, em que diz assim: – alguma coisa acontece no meu coração... A canção é Sampa, mas poderia ser Poa.
Petit Poa. Petit poi. Pois...
a foto foi feita pelo meu fiel escudeiro Milton Simas
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